O neurodesenvolvimento nada mais é do que o desenvolvimento do sistema nervoso, o que inclui as partes motora e sensorial; a comunicação; a linguagem; comportamentos e emoções.
Como avaliar o neurodesenvolvimento de seu filho?
Todos os bebês devem alcançar um conjunto de habilidades ao atingir determinada idade. Assim, a avaliação do neurodesenvolvimento adequado deve ser parte do exame físico durante as consultas com o pediatra, contudo, você pode alertar o profissional caso note algum atraso em seu bebê também.
Os marcos do neurodesenvolvimento infantil são uma série de indicadores que mostram como está o crescimento do bebê. A seguir, vamos listar alguns marcos importantes que devem estar presentes em cada fase no primeiro ano de vida.
É importante lembrar que os marcos são parâmetros que servem para orientar pais e cuidadores, de modo que não são definidos com exatidão conforme os meses mudam, eles podem, inclusive, se apresentar mais precoce ou tardiamente, dependendo de cada criança. Portanto, se seu filho mostrou algum marco antes ou depois do esperado, pode ser que não haja nada de errado com ele, mas vale uma avaliação individualizada com o pediatra para entender se há necessidade de uma investigação mais detalhada e encaminhamento para o neurologista.
Tais atrasos podem estar relacionados com a idade gestacional de nascimento – nos casos de prematuros, por exemplo – ou, ainda, podem ser consequência de alguma alteração anatômica ou doença neurológica.
Marcos do desenvolvimento neurológico (neurodesenvolvimento): O que esperar em cada mês de vida?
1º mês
Vira a cabeça para cima quando deitado e levanta o queixo quando colocado de barriga para baixo; as mãos permanecem fechadas a maior parte do tempo; suga bem; olha para objetos, mas ainda não os segue; consegue discernir a voz da mãe e se assusta com barulhos altos; produz alguns sons incompreensíveis além de choros.
2º mês
Consegue levantar o tronco quando colocado de barriga para baixo; tenta sustentar o pescoço sozinho brevemente; já fica metade do tempo com as mãos abertas; segura um objeto se colocado em sua mão; segura uma mão na outra; abre a boca quando vê o seio materno ou a mamadeira; segue alguns objetos grandes e com contrastes; reconhece a mãe; sorri de volta em resposta a um estímulo; faz barulhos mais semelhantes a vogais.
3º mês
Apoia-se sobre os braços quando colocado de barriga para baixo; rola para os lados quando deitado; inspeciona os dedos das mãos; leva as mãos até a boca; alcança o rosto dos pais; segue objetos que se movem em círculo quando de barriga para cima; procura objetos; expressa quando não gosta de algo, como, por exemplo, som alto; segue pessoas que se movem no mesmo ambiente em que está; vocaliza mais sons quando estimulado.
4º mês
Senta-se com apoio do tronco; o pescoço sustenta a cabeça quando puxado pelos braços; rola para os lados; segura alguns objetos firmemente; as mãos permanecem agora predominantemente abertas; segura brevemente a mamadeira ou o seio materno; leva objetos à boca; encara rostos novos por mais tempo do que os rostos familiares; procura alcançar os brinquedos; sorri espontaneamente em resposta a algum som de que goste; para de chorar quando ouve a voz dos pais; vira a cabeça em direção a alguma voz; gargalha alto; vocaliza mesmo quando está sozinho.
5º mês
Senta-se com apoio do quadril; segura um cubo com a mão toda; leva objetos até a boca e transfere de uma mão para a outra; vira a cabeça em direção a um som; reconhece seu cuidador visualmente; começa a responder ao chamado pelo nome; expressa raiva com sons além de choro.
6º mês
Senta-se momentaneamente sem apoio segurando-se com as mãos; segura dois cubos e troca-os de mão; segura e morde um mordedor; remove um pano do rosto; estranha desconhecidos; reconhece pessoas familiares; para momentaneamente quando escuta “não”; escuta quando um adulto fala e depois tenta vocalizar; toca o reflexo, sorri e vocaliza diante do espelho.
7º mês
Já balança o corpo quando segurado; senta-se sem apoio; coloca os braços ao lado do corpo e balança de um lado para o outro; recusa excesso de comida; explora os diferentes aspectos de um brinquedo; encontra objetos parcialmente escondidos; olha para um objeto quando quer brincar; olha para o objeto quando o nome dele é dito se já sabe que objeto é; fala uma variedade de sílabas.
8º mês
Senta-se sozinho; começa a tentar engatinhar com os quatro membros flexionados; consegue segurar uma colher quando demonstrado como faz; consegue segurar um objeto com a ajuda do polegar; coloca objetos dentro de outros; segura a própria mamadeira ou copo; consegue pegar, com os dedos, um pequeno cereal ou feijão; demonstra quando está triste, feliz ou chateado; segue os adultos com o olhar quando param de dar atenção a ele; responde ao chamado de “venha aqui”; procura a mãe quando perguntado “onde está a mamãe?”; balbucia sons; já diz “mama”, porém, não necessariamente, quer dizer “mamãe”; imita sons.
9º mês
Fica em pé com apoio das mãos; começa a engatinhar; apoia-se para levantar-se e ficar de pé; engatinha com os quatro membros estendidos (passo de urso); agarra objetos com dois dedos e o polegar; junta duas peças de brinquedo; morde e mastiga alimentos; puxa um barbante se tem um brinquedo ligado a ele para alcançá-lo; usa sons para conseguir atenção; apresenta ansiedade quando é separado dos cuidadores.
10º mês
Engatinha bem, circula entre os móveis e se apoia nas mãos; já fica de pé e anda com as duas mãos apoiadas em um móvel; joga objetos; consegue apontar com o indicador; toma líquidos de um copo, não somente suga como antes; descobre um objeto que está com algo em cima; tenta colocar um cubo dentro de um copo, porém, pode não conseguir soltá-lo lá dentro; demonstra medo; olha quando é chamado pelo nome; adora a brincadeira de “achou”; acena “tchau” de volta para alguém.
11º mês
Anda segurando a mão dos cuidadores; gira o corpo em diferentes direções quando sentado; fica em pé andando com apenas uma das mãos apoiadas em um móvel; fica em pé sem apoio por alguns segundos; coopera com os cuidadores quando troca de roupa; olha figuras e imagens de um livro; entrega objetos a um adulto para alguma ação após demonstração, deixando claro que precisa de ajuda; para o que está fazendo quando orientado pela palavra “não”; dança ao ouvir música; fala as primeiras palavras; vocaliza junto com as músicas.
12º mês
Permanece em pé com os braços levantados e as pernas abertas em apoio (oferecendo proteção em caso de queda); dá passos independentes; faz rabiscos após demonstração do cuidador; faz movimento de pinça fino com o polegar para segurar objetos; segura um giz de cera; tenta montar uma torre com dois cubos; retira um chapéu da cabeça; levanta a tampa de uma caixa para procurar um brinquedo; mostra um objeto aos cuidadores para compartilhar a experiência de interesse; reconhece e diferencia nomes de dois objetos e olha para o objeto certo quando é dito o nome; usa diversos gestos com vocalização, por exemplo, acenos.
E o que você pode fazer para estimular o seu bebê?
Os bebês já nascem com a potencialidade dos sentidos, porém eles ainda são imaturos e vão se formando com o tempo. E os estímulos certos podem ajudar nesse processo:
A seguir, vamos listar algumas maneiras de estimular seu bebê conforme cada etapa de neurodesenvolvimento
0-3 meses
Estimule a visão colocando objetos coloridos e com luz fraca na linha dos olhos dele, próximo ao rosto, com o bebê deitado de barriga para cima; faça o tummy time, que nada mais é do que deixar o bebê de barriga para baixo por alguns minutos todos os dias, desde os primeiros dias de vida, o que estimula o desenvolvimento da força do pescoço e do tronco; incentive o movimento de rolar deitando o o bebê de lado, dando apoio ao corpo por alguns minutos, para que ele comece a entender o movimento e repita quando conseguir; responda aos sons e choros de seu bebê; faça contato visual enquanto amamenta, seja com mamadeira, seja ao seio materno, isso é importante tanto para o desenvolvimento cognitivo (neurodesenvolvimento) quando para o vínculo com os cuidadores.
3-6 meses
Interaja com o seu bebê durante as brincadeiras; estimule-o, de barriga para baixo, com algum brinquedo para que ele vire e tente pegá-lo; segure-o de pé em seu colo para desenvolver força nos membros inferiores, o que ajudará a permanecer de pé sozinho no futuro; coloque-o sentado com o apoio de almofadas em volta e com brinquedos chamativos de que ele goste ao lado para que ele tente alcançá-los; coloque música para tocar e cante com a música, mantendo o contato visual com o bebê.
6-9 meses
quando segurar um bebê nessa faixa etária, deixe-o, de preferência, de frente para as pessoas e o ambiente; deite-o de barriga para baixo e coloque brinquedos em volta para que ele tente alcançá-los se arrastando ou tentando engatinhar; coloque blocos de empilhar na frente do bebê, enquanto ele está sentado, e ensine a ele os tamanhos dos objetos maiores e menores, estimulando também a fala; brinque imitando os sons de animais e dizendo o nome deles para que o bebê possa associar cada um deles; não troque os nomes dos animais pelos sons que eles fazem para que ele aprenda corretamente; por se tratar do início da introdução alimentar, nessa faixa etária, é interessante incluir o bebê em todo processo de alimentação, descrevendo a cor do alimento, a temperatura e o sabor; é importante que o bebê tenha controle do tronco e sente-se bem para o início da introdução alimentar.
9-12 meses
Nessa fase, os bebês já apontam para os brinquedos de que gostam, imitam expressões faciais e sons, assim, estimule-os a ficarem de pé deixando alguns brinquedos em lugares mais altos do que o chão, por exemplo, em cima de uma cadeira fixa ou sofá; permaneça sempre ao lado do bebê, pois esses movimentos podem oferecer risco de queda; nomeie os objetos, as cores, os números, as letras e as partes do corpo; ensine o que é “sim” e “não”; estimule-o a fazer algumas atividades simples, como guardar os brinquedos.
Referências sobre Neurodesenvolvimento
Instituto Jô Clemente. Guia de orientações para estimular seu filho em casa – serviço de estimulação e habilitação. 2022. Disponível em: https://ijc.org.br/pt-br/atuacao-atendimento/estimulacao-habilitacao/Paginas/guia-estimular-seu-filho-em-casa.aspx.
Quer ver mais notícias da Clínica PBSF ou informações sobre neurodesenvolvimento? Clique aqui para ver mais!